terça-feira, 15 de dezembro de 2009

FARSA











O despertador toca

Levanto

Visto-me com a mais bela roupa

E saio ao mundo

Fingindo o que não sou.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Descompasso












Há um relógio

Britânico ajustado em mim

Dividindo minha existência

em fragmentos de tempo.

Ele não me permite descompassar.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Recesso Criativo


Momento em que as mãos,

mente e

coração

não entram em acordo.

sábado, 4 de julho de 2009

Casa de Vidro

Desde pequeno
Queria morar numa casa de vidro
Não suportava a idéia de paredes
Ocultando o mundo ao meu redor
Tenho pensado muito
Em um corpo de vidro...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Quem faz o que?*


Mais uma vez o velho amigo
se apresenta 
um consolo, apelo, um sorriso, um riso,
alívio 
O companheiro das madrugas 
das chuvaradas, das palavras soltas, largadas,
afogadas
Mais uma vez o amigo está aguardando
com tons de nostalgia 
Tantas vezes despercebido, esquecido, estarrecido ante a brancura 
das palavras escritas 
E na verdade quem escreve? 
E quem se deixa escrever? 
Não é o papel em branco quem escreve através do autor?  

*Do livro De tempo a Vento

terça-feira, 31 de março de 2009

Ocupação







Perguntaram-me, certa vez, acerca das minhas ocupações diárias...


Levanto todos os dias,

visto minha arte

e saio a lutar

contra a banalidade do mundo.

terça-feira, 3 de março de 2009

Carlirtos e a Chuva












Efêmero movimento 
inacabado
Milhares deles dançando 
Freneticamente

Caem solenes 
“Tremitando”  
na retina amarelada do tempo,  
a alegrar os guarda-chuvas

- Não vai até ponte Carlitos! 
[me advertiu o pensamento] 
Que o cheiro é ácaro
Gosto de vento 
Sinal de mau tempo
 
Violento despertar das folhas
e os galhos 
e os ramos 
da quina do muro despencam

Em cada pingo 
olhos a me olhar 
Os mesmos que usei 
para ver a chuva chegar!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

 A sua ...








Ato mágico, profundo

certeza que a vida continua

Nasce um novo mundo

Quando toco minha mão na sua

 

 Sonho distante , desabrochando

Momento único como o nascer da lua

Tem anjos ao redor, cantando

Quando toco minha mão na sua

  

Encontro das almas

Essência do amor, despida, nua

certeza que nada abala

Quando toco minha mão na sua

  

Paz constante de saber

que no destino, andarei por qualquer rua

e mesmo velho irei te reconhecer

Quando minha mão tocar a sua.

                                                                                       * Do livro De Tempo a Vento.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Gritos















Ouço gritos na madrugada
Alguém teve coragem de gritá-los
Julgo inoportuna a hora
E os desprezo por um momento
Mas logo me interesso
Passo a admirá-los
Cortejo-os
Prendem-me
Não canso de escutá-los
Invejo-os.

Os meus permanecem calados.