terça-feira, 5 de outubro de 2010

SOBRE ABANDONOS E FUTILIDADES

Todo abandono trás consigo um novo amparo.

Se hoje me esqueço noutras infinidades

Amanhã me encontro nestas linhas outrora abandonadas.

E de abandonos e futilidades

Surge um poema

Para restabelecer minha ordem vigente.

sábado, 21 de agosto de 2010

SAPATOS
















Meus sapatos na calçada.

Um par de olhos negros

prontos ao start diário

Enérgico frenesi

Nas ruas, prédios, carros

gélidos e distantes

Atrasados

um vai e vem

desregrado, desmedido

sentimentos desconexos.

Sentado na janela do décimo quinto andar

um menino solta bolhas de sabão.

Curvo-me, e descalço

flutuo até a próxima esquina...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ENCONTRO DIÁRIO

Acordo cedo

mato um leão e meio.

Sou um destemido sobrevivente

dos inimigos que crio

e das coisas que não existem.

Desta luta que invento diariamente

guardo a rigidez e a brutalidade

dos que teimam em não desistir.

À noite quando volto pra casa,

Despeço-me de mim, e

nos braços dela,

volto a ser apenas um homem comum.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

CONVENÇÃO DE PALHAÇOS

Deve haver um lugar

onde todos eles se encontram,

choram compulsivamente e

ao final da convenção

retornam ao ofício:

espelhar a humanidade

na ponta do nariz.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

MAQUIAGEM


Aprendi desde cedo

A maquiar minhas fraquezas

Disfarço-as, quase invisíveis.

Difícil é encarar o espelho

depois que a cena acaba.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

A BAILARINA E O POEMA

Na foto Alice Sales

Frente ao espelho

A bailarina se entrega a dança

Em cada movimento

Revira minha alma

E me devolve ao mundo

Pronto pra mais um

Poema.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

FIM DO DIA

(Concurso Sony de Fotografias)

No lapso de tempo

Entre o abrir e fechar dos olhos

Um piscar apenas

O suficiente

Para entender o mundo

E calar até o próximo poema.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

URBANIZAÇÃO

Não fosse a tradição

O João da Vila

Faria as casas de cimento....

sábado, 10 de abril de 2010

Sobras e Sombras


Chegas

sem pedir licença e

pousas na minha mão


Toma-me por inteiro

Arrebata-me

Instaura tua presença

Em mim (minha) ilusão


Dispenso as amarras,

Despeço-me de mim

Afasto as sobras e sombras do teu passado

Abro as portas do (de) novo...


Me deixa

sem pedir perdão

de coração aberto,

Criando gaiolas

para aprisionar-te (me) em um próximo pouso.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Música Corpo


Tu me convidaste para uma canção

Coloquei minha música a teu serviço

Ofereceu-me teu corpo violão

como quem entrega

um gole de vinho à boca sedenta...

Dedilhei as cordas do teu corpo

Apaguei a luz

E a música se fez!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Série "Raro e Comum" - In Foco: Montenegro 4



Poderá a corrente aprisionar o sol

que teima em fugir de seus elos

até o outro lado do mundo?


Poderá o sol livrar-se da corrente

uma vez que sempre retorna a ela

aos finais de tarde?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Série "Raro e Comum" - In Foco: Montenegro 3


Estranho ofício o do poeta:

Olhar raro para o comum

Sem se importar que lhe olhem comum

Num momento raro.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Série "Raro e Comum" - In Foco: Montenegro 2

Todos os dias

Tua morte comum

Brinda o nascimento raro

No brilho de outro olhar...


Todos os dias

Tua morte rara

Brinda o nascimento comum

De um novo dia

Para meu olhar...

sábado, 9 de janeiro de 2010

Série "Raro e Comum" - In Foco: Montenegro

Raro ou comum?

No olhar de cada espectador

A linha que costura esta diferença...