segunda-feira, 2 de maio de 2016

Ponto Final



É chegada a hora!
Vestiu o terno marrom listrado
Ajustou a gravata
Calçou os sapatos
Olhou pra trás pela primeira vez
Malas prontas,
Um resto de duvida
- o acaso nunca fora seu companheiro
Na bagagem algumas migalhas,
sonhos e saudade
Olhou para trás pela última vez,
Nenhum passo
Abriu os braços
E imóvel

Esperou a morte chegar.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

SAUDADE



Da porta que não abri
Da cadeira que não puxei...
Do garçom que enchia a tua taça
Dos olhares e goles de vinho
Da minha mão posta sobre a tua
Do beijo que nos escapou
Do silêncio que ecoamos...
Hoje,
Tua ausência enche minha taça

E a saudade brinda comigo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

SOBRE ABANDONOS E FUTILIDADES

Todo abandono trás consigo um novo amparo.

Se hoje me esqueço noutras infinidades

Amanhã me encontro nestas linhas outrora abandonadas.

E de abandonos e futilidades

Surge um poema

Para restabelecer minha ordem vigente.

sábado, 21 de agosto de 2010

SAPATOS
















Meus sapatos na calçada.

Um par de olhos negros

prontos ao start diário

Enérgico frenesi

Nas ruas, prédios, carros

gélidos e distantes

Atrasados

um vai e vem

desregrado, desmedido

sentimentos desconexos.

Sentado na janela do décimo quinto andar

um menino solta bolhas de sabão.

Curvo-me, e descalço

flutuo até a próxima esquina...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ENCONTRO DIÁRIO

Acordo cedo

mato um leão e meio.

Sou um destemido sobrevivente

dos inimigos que crio

e das coisas que não existem.

Desta luta que invento diariamente

guardo a rigidez e a brutalidade

dos que teimam em não desistir.

À noite quando volto pra casa,

Despeço-me de mim, e

nos braços dela,

volto a ser apenas um homem comum.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

CONVENÇÃO DE PALHAÇOS

Deve haver um lugar

onde todos eles se encontram,

choram compulsivamente e

ao final da convenção

retornam ao ofício:

espelhar a humanidade

na ponta do nariz.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

MAQUIAGEM


Aprendi desde cedo

A maquiar minhas fraquezas

Disfarço-as, quase invisíveis.

Difícil é encarar o espelho

depois que a cena acaba.