Todo abandono trás consigo um novo amparo.
Se hoje me esqueço noutras infinidades
Amanhã me encontro nestas linhas outrora abandonadas.
E de abandonos e futilidades
Surge um poema
Para restabelecer minha ordem vigente.
Todo abandono trás consigo um novo amparo.
Se hoje me esqueço noutras infinidades
Amanhã me encontro nestas linhas outrora abandonadas.
E de abandonos e futilidades
Surge um poema
Para restabelecer minha ordem vigente.
Um par de olhos negros
prontos ao start diário
Enérgico frenesi
Nas ruas, prédios, carros
gélidos e distantes
Atrasados
um vai e vem
desregrado, desmedido
sentimentos desconexos.
Sentado na janela do décimo quinto andar
um menino solta bolhas de sabão.
Curvo-me, e descalço
flutuo até a próxima esquina...
Acordo cedo
mato um leão e meio.
Sou um destemido sobrevivente
dos inimigos que crio
e das coisas que não existem.
Desta luta que invento diariamente
guardo a rigidez e a brutalidade
dos que teimam em não desistir.
À noite quando volto pra casa,
Despeço-me de mim, e
nos braços dela,
volto a ser apenas um homem comum.
Chegas
sem pedir licença e
pousas na minha mão
Toma-me por inteiro
Arrebata-me
Instaura tua presença
Em mim (minha) ilusão
Dispenso as amarras,
Despeço-me de mim
Afasto as sobras e sombras do teu passado
Abro as portas do (de) novo...
Me deixa
sem pedir perdão
de coração aberto,
Criando gaiolas
para aprisionar-te (me) em um próximo pouso.